Os meus pesares aos familiares das vitimas da insanidade humana neste final de ano, a praça que deveria ser o lugar de confraternização, tornou-se local de holocausto.
Como entender que um cidadão possa sair de sua residência para comemorar a passagem de ano, portando uma pistola carregada na cintura, e sem qualquer motivo aparente, descarregue o seu conteúdo no meio da multidão, terminando por assassinar dois jovens no desabrochar da vida, ferindo para sempre o espírito de outros três que foram alvejados, mas, felizmente, sobreviveram à torpeza e vilânia da raça humana.
Sobreviveram, mas terão as suas vidas marcadas, pois ficará gravado em suas mentes o medo, a insegurança e a incompreensão dos motivos que levaram um cidadão promover tamanha barbárie em pleno dia festivo e de comemoração do nascimento, da renovação e da alegria, alegria que se transformou em tristeza para muitos.
Foram diversas vidas destruídas e marcadas de maneira indelével. A dos familiares que sepultaram os seus filhos em pleno dia de festa transformado em luto, choro, ranger de dentes e tristeza. A dos que promoveram esta insanidade, vão carregar o estigma para o resto de suas vidas, mas principalmente a de seus familiares que aliados à culpa de verem seus rebentos destruírem a vida do semelhante e de pais e mães que nunca mais verão seus filhos, que partiram deixando para trás tantos sonhos e projetos não realizados, agora mortos não mais os poderão executar, ou seja, uma calamidade inimaginável para pessoas civilizadas.
Muitos irão culpar os pais que não souberam educar ou a falta de religião, ou porque não estudaram, enfim uma dezena de motivos que não explicam e nem justificam a torpeza de tal ato. Outros vão culpar a polícia ou o policiamento, mas de nada adianta gritar contra os policiais, alias policial é o que não faltava para garantir a segurança do evento. O que pode fazer um policial no meio da multidão frente à insanidade humana? Quase nada, a não ser deter o responsável pela tragédia, isto e nada mais.
Certamente um conjunto de fatores, em especial a indulgência da justiça perante a banalização da vida e da morte, o que deixa aos mal intencionados a certeza da impunidade e aos familiares das vitimas o desespero de sepultar os filhos e saber que em pouco tempo terão que cruzar com o responsável andando tranquilamente pelas ruas da cidade, provavelmente armado e pronto para atirar novamente ao menor contragosto que tiver, ciente da condescendência da justiça para com os criminosos.
O que fazer? Não temos uma única resposta e muito menos será simples, mas a meu ver a diminuição da criminalidade passa pela educação tanto formal do banco escolar, como a familiar, passa pela punição severa aos responsáveis, passa pela própria sociedade, que cobra sempre quando é a vitima, mas esta sempre pronta a promover pequenas inflações às leis como se isto fosse normal incentivando pelo mal exemplo a juventude que não tem mais referências para seguir.
É o que vemos no dia a dia quando o condutor de um veículo ou moto é parado por um policial e se encontra irregular em relação à documentação exigida, ao invés de desculpar-se e ir um busca de solução para a irregularidade, põe-se a criticar o policial que o abordou culpando-o pela multa, pelo constrangimento etc.
Somos nós que sempre queremos mais investimentos do Estado em segurança, saúde e educação, mas nunca exigimos o cupom ou a nota fiscal; que ao invés de exigir dos filhos mais dedicação e mais horas debruçados em cima dos livros e cadernos quando vão mal no aprendizado escolar, ameaçamos o professor, criticamos a direção, maldizemos e trocamos de estabelecimento, como se o culpado fosse à cadeira e o quadro negro; que se por infelicidade um dos nossos tem um comportamento social diverso do normal, e somos alertados por um amigo, imediatamente defendemos o rebento, e nos tornamos inimigos dos que nos alertam, nós que cobramos o prefeito dia e noite, mas nunca limpamos a frente de nosso quintal ou colaboramos para combater a dengue, que criticamos os vereadores, mas jamais vamos a uma sessão para acompanhar o que esta acontecendo, que esbravejamos contra a justiça mas nunca queremos ser jurados ou mesários em dia de eleição, enfim, a mudança que tanto almejamos começa por nós e ai sim se irradia por toda a sociedade.
Ou seja, o mundo todo esta errado somente nós estamos certos e sempre imputando a responsabilidade da mudança nos ombros de outros, nunca nas de nos mesmos. Assim fica difícil mudar a sociedade em que vivemos e o mundo que nos cerca, pendendo diuturnamente sobre nossas cabeças a espada de Damôcles da insegurança e incerteza com relação ao futuro.
Aos pais das vitimas os meus pêsames, pois não existem palavras que os possam confortar neste trágico momento.
"Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros, é a única" "Albert Schuartz"
"Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros, é a única" "Albert Schuartz"
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