sábado, 16 de julho de 2011

MATÉRIA JORNALISTICA QUE ENFURECEU O DEPUTADO.

Matéria publicada no jornal folha de rondônia em 14/07/2011 

Prefeito convive com o medo da morte

Mandante de crime não é identificado e o prefeito Marinho da Caerd fica sem segurança


Policial, Prefeito e Sec. Saúde

Impedido pela Justiça de utilizar um veículo SW4 blindado adquirido pelo município, o prefeito de Machadinho do Oeste, Mario Alves da Costa (PV), o Marinho do Caerd, convive com o medo de ser assassinado. Há um ano ele foi ferido em um atentado e até hoje o mandante não foi identificado pela Polícia, por isso decidiu adquirir o veículo blindado.
O policial civil Francisco Fabrício da Silva Santos, acusado de integrar um grupo de extermínio, foi apontado com autor dos disparos, mas posteriormente outros supostos envolvidos na tentativa de assassinato voltaram atrás nas declarações e as investigações oficialmente voltaram à estaca zero.
Em julho de 2010 uma caminhonete da prefeitura, que não era blindada, era conduzida por Marinho quando foi alvejado por quatro tiros de revólver calibre 38, disparados por um motoqueiro. Uma das balas atingiu o braço do prefeito. Ele conseguiu escapar porque em vez de acelerar e tentar ultrapassar a moto resolveu frear e engatar a ré. O matador de aluguel não esperava essa reação.
As investigações ficaram “patinando” durante um bom tempo, porque o policial Fabrício, posteriormente acusado de ter sido o autor dos disparos, era um dos encarregados de apurar o ocorrido. Enquanto o prefeito dizia suspeitar de pessoas envolvidas em uma licitação para contratação de ônibus para transporte escolar, a Polícia sustentava a tese de crime passional.
Após a prisão do policial Fabrício sob a acusação de estar envolvido em outros crimes, aparentemente o atentado contra o prefeito começou a ser elucidado. O padeiro Diony Dutra Silva Júnior teve um desentendimento com quatro pessoas. Retirou-se do local e voltou com uma pistola 765 e um revólver calibre 38, disparando contra os desafetos. Preso, disse que havia conseguido as armas com Fabrício.
No inquérito, Diony Júnior contou que Fabrício foi contratado para assassinar o prefeito por R$ 15 mil. Afirmou, ainda, que o policial também poderia optar em ter um cargo comissionado na prefeitura, após a morte de Marinho da Caerd, onde receberia R$ 2 mil por mês.
Marinho disse estar claro que a tentativa de assassinato ocorreu por ele ser prefeito e gerir recursos públicos. Por isso considerou justo que o município comprasse a SW4 blindada.

Problemas na área política

O prefeito Marinho da Caerd explicou que teve alguns problemas logo que assumiu o cargo e teve que abrir licitação para alugar ônibus destinados ao transporte escolar. Pessoas ligadas ao vice-prefeito e ao policial civil Francisco Fabrício da Silva Santos adquiriram diversos veículos velhos e participaram do certame. O Ministério Público agiu o contrato foi suspenso.
“Fiquei surpreso, porque não sabia que isso aconteceria. O edital foi reformulado, para que somente ônibus mais novos pudessem ser alugados. Depois comecei a ter muitos problemas”, disse Marinho.

"Inicialmente os problemas enfrentados pelo prefeito foram apenas políticos. O vice-prefeito se aliou ao maior adversário de Marinho da Caerd, o então presidente da Assembléia Legislativa, deputado Neodi Carlos (PSDC). Os ataques verbais começaram.".

Ocorre que posteriormente a onda de crimes aumentou em Machadinho e ele começou a temer pela própria vida. Um vereador foi assassinado com um tiro de espingarda e dois policiais militares foram executados com tiros de fuzil. Um grupo de menores também foi executado. Testemunhas disseram que chegaram algumas pessoas armadas e os garotos se deitaram no chão. Dois foram mortos com tiros na cabeça, ainda deitados. Um terceiro tentou correr, mas também foi morto. Isso levantou suspeita em relação ao grupo de extermínio. Bandidos não se deitam quando chegam outros marginais.

Policiais mortos a tiros de fuzil

O assassinato dos policiais militares: Nino e Rondinelli, de Ji-Paraná, e Noé Alcântara Barbosa Júnior, de Porto Velho, durante o expediente chocou Machadinho do Oeste. Eles estavam na viatura, quando foram abordados por cinco criminosos armados com fuzis e pistolas 40 e 380, revólveres e uma espingarda calibre 12.
Testemunhas informaram que dois homens que estavam na carroceria de uma caminhonete L-200 preta começaram a atirar contra os PMs, que não tiveram qualquer chance de defesa. Ainda conforme as testemunhas, um homem que estava parado na calçada também passou a disparar contra os militares.
O policial que estava no banco de trás da viatura conseguiu correr para um posto de combustíveis e foi perseguido pelo bandido que estava na calçada, aguardando o atentado. O PM atirou contra o criminoso e o teria alvejado. O bandido foi resgatado pelos comparsas que estavam na caminhonete. A quadrilha fugiu rumo ao município de Cujubim. O crime até hoje não foi desvendado.

Atentado

No caso do prefeito Marinho da Caerd, o início das investigações aponta que os pistoleiros haviam falhado na primeira tentativa, mas estavam de posse de um fuzil para executar o crime quando aconteceram algumas prisões. Marinho ainda estaria vivo porque os criminosos não tiveram tempo de utilizar o fuzil.
Apesar do risco, ele afirmou que não permitirá licitações fraudulentas no município. Marinho da Caerd adiantou que é preciso ter cuidado redobrado enquanto o mandante não estiver na cadeia. Mesmo assim, ele passa a maior parte do tempo trabalhando sem proteção, mantendo a SW4 recolhida, como foi determinado pela Justiça.

Cidade tem fama de ser violenta

Machadinho do Oeste começou a ser conhecida como uma cidade perigosa depois que grandes quantidades de droga começaram a ser apreendidas no município. Como se não bastasse, aparentemente pistoleiros começaram a agir na região. Algumas execuções, como a de dois policiais militares, passam à impressão de que um grupo organizado está instalado na cidade.
Marinho da Caerd explicou que pediu proteção à Polícia. Depois disso, passou a andar acompanhado por um policial militar. Ocorre que o efetivo em Machadinho é pequeno, por isso muitas vezes o policial é chamado para atender alguma ocorrência, deixando o prefeito desprotegido.
“Não posso parar de trabalhar enquanto espero que seja descoberto quem mandou me matar. O jeito é prosseguir o trabalho, apesar do risco. Mas reconheço que a situação é muito complicada”, destacou.

Depoimentos foram modificados em Juízo

Depois que os depoimentos foram colhidos, suspeitos de terem participado do atentado contra a vida do prefeito decidiram mudar o depoimento em juízo. Afirmaram que estavam tentando um acordo com o delegado que investigava o caso, por isso acusaram o policial civil Francisco Fabrício da Silva Santos, que disseram ser “gente boa”.
O policial só não foi solto porque é acusado de envolvimento em dois outros crimes. Ele teria assassinado com tiros nas costas um funcionário do Banco do Brasil e também teria tramado contra a vida da própria esposa. Ele estaria com problemas conjugais, por isso teria encomendado o assassinado da mulher.
Ela viajaria no carro da família para Guajará-Mirim. O telefone do policial Fabrício havia sido grampeado com autorização judicial. Na interceptação telefônica, ele foi gravado pedindo a um homem que atirasse na esposa durante a ida para Guajará, mas que tivesse o cuidado de não atingir a filha. Antes que o crime fosse consumado, o policial civil foi preso.
Agora o policial civil foi inocentado pelos demais suspeitos de terem participado da trama para matar o prefeito Marinho da Caerd. Por esse crime ele já poderia ter sido liberado da prisão, mas como é suspeito de estar implicado em dois outros, permanece recolhido.

Outro policial

Como se não bastasse, há um policial militar acusado de ser cúmplice de Fabrício. Ele nem chegou a ser preso, porque não houve elementos suficientes para isso.

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