Quantas vezes neste interregno de 51 anos, não me sentei sozinho em algum lugar ermo, pensando "na vida", e "sobre a vida", na sua origem, no seu sentido. A vida este mistério profundo que não encontramos explicação na razão e, portanto, temos necessariamente que buscar as razões de sua existência na fé. A fé, este atributo e dádiva que entre os milhares de espécimes que passaram por esta terra e os milhares que aqui ainda transitam, somente o homem este milagre divino possui. Um milagre, uma verdadeira maravilha, pois a fé este dom a nós atribuído gratuitamente, permite que contemplemos a beleza da vida, as maravilhas da natureza, a preciosidade dos filhos e tenhamos esperança que viver não é em vão.
Quando sondamos o passado, compreendemos o presente, temos esperança no futuro; pois o homem sempre teve uma existência atribulada sobre este pedaço de chão. Hoje, vemos a televisão diuturnamente nos intoxicar com noticias sobre a violência urbana, a fome na áfrica, as lutas fratricidas no oriente médio, a crise econômica que se abateu sobre os europeus e americanos, povos outrora orgulhosos de seu poderio militar, político e econômico etc. Mas esta dura realidade acompanha e vai acompanhar o homem até o seu último dia sobre este pedaço de chão. Ontem eram as guerras constantes, a pobreza, as dificuldades, o julgo dos ditadores a escravidão a miséria e as doenças. Hoje, com a modernidade, é o desemprego, a falta de preparo para o mundo moderno, a ânsia desenfreada por consumir cada vez mais bens supérfluos que nós transforma em escravos de modas e modismos. Enfim, que torna a vida um eterno correr em torno de nós mesmos, sem nos atentarmos para o fato que ela é finita e breve, como diz o Eclesiastes: "Na maior parte do tempo é enfado e sofrimento". Nada disso impede o homem de correr noite e dia, dia e noite atrás da "riqueza" e de "riqueza", de realização e de poder. Vaidades que o tempo se encarrega de transformar em pó, em esquecimento, em nada, após nossa partida definitiva, quando o trem da vida parar na última estação e for solicitado o desembarque.
Mas tem algo que é eterno, ilumina e transforma a existencia do homem, permitindo continuar vivendo após a última parada. Os filhos, esta dádiva divina que nos são entregues para que alegrem os nossos dias fazendo esquecer tudo e todos, ao simples ouvir no nome "papai e mamãe", da inquirição inocente: porque você está triste? Pai, foi muito legal comer aquele churrasco, só nos dois embaixo da arvore. Que nos ilumina com a singeleza de suas palavras, com a sinceridade de suas opiniões, com a beleza de um sorriso inocente, que nenhum artista conseguiu expressar na mais perfeita obra de arte. Os filhos, este continuar de nossos sonhos, esta beleza que temos tão pouco tempo para contemplá-los, amá-los, usufruir de sua companhia, de seu carinho, de sua presença, que em nossa luta insana imposta pela sobrevivência acaba por nos afastar do maior tesouro que Deus nos deu de graça. Nossos filhos. Buscamos amontoar tesouros que a traça pode destruir, e muitas vezes não cuidados do tesouro que temos ao lado, deixando que o ladrão sorrateiro nos roube. Isso quando não entregamos por nossa vontade quando não ouvimos suas suplicas silenciosas, pedindo nossa atenção, nosso carinho, nosso amor. Mas quando não lhes damos atenção, na rua tem quem dá; quando não os levamos a igreja para aprender a agradecer, mas na rua tem quem está sempre disposto a levá-los ao templo da perdição; quando não retribuímos o sorriso gratuito, mas na rua tem sempre alguém sorrindo; quando não elogiamos as suas capacidades, mas na rua tem sempre alguém elogiando seus atributos; quando não dizemos a nossa filha como ela é linda, mas na rua tem sempre alguém tecendo elogios sensuais; principalmente quando não temos a capacidade de reconhecer em nossos filhos suas capacidades, que muitas vezes são melhores que a nossa, que são mais inteligentes, mais bonitos, mais preparados, mais jovens; quando relutamos em reconhecer os seus talentos e elogiar, mas na rua vai tem sempre alguém reconhecendo e elogiand, incentivando, e principalmente oferecendo "amor".
Quando nos damos conta, já não são mais nossos filhos, são filhos da rua, são filhos do mundo e muitas vezes nos parecem estranhos, mas íntimos de estranhos.
Temos o dever e a obrigação de sermos os melhores amigos e confidentes de nossos filhos, de sabermos compreender suas angustias, de ampará-los, estar sempre por perto, ouvindo, elogiando, mostrando, ensinado, deixando que eles andem em nossa frente, enfrentando o mundo como ele é, mas com a certeza que seremos sempre aquele único pé na areia da praia; que podem ter certeza que nas horas mais difíceis nós os carregaremos no colo. Que não são nossos concorrentes, mas a continuidade de nossa existência.
A minha filha GIOVANNA VALLE, meu tesouro que iluminou a minha existência para sempre quando me deu o primeiro sorriso e se aninhou comodamente em meus braços. Filha você é o raio de sol na minha vida, com seu sorriso manso, com sua beleza que inebria, com seu amor incondicional que tem alegrado os últimos 19 anos. Giovanna, você pode caminhar tranquilamente, que sempre vai ter por perto não só um pai, mas um amigo incondicional, que vai sempre te amar, e te apoiar e amparar quando as dificuldades surgirem. Sabe filha você agora vai ter que enfrentar o mundo como ele é, vai ter que fazer suas próprias escolhas, tomar suas decisões, pois seu pai pode lhe pagar os estudos, mas não pode estudar por você, pode discorrer sobre os prós e contras de cada profissão mas não pode escolher uma profissão por você. Mas o pai pode, deve e vai sempre ser o ombro amigo que ouve e aconselha, te apóia e incentiva nas tuas escolhas. Não esqueça minha filha, procure valorizar antes da riqueza, a felicidade, a alegria de viver, aproveitar esta breve estada por aqui, para contemplar as belezas que estão sempre a nossa disposição gratuitamente, mas que nunca vemos porque saímos de casa antes do sol brilhar e chegamos quando a lua está alta. Seja feliz sempre, porque a realização pessoal, e a felicidade são a maior tesouro que podemos conquistar neste breve epaço de tempo.
Ao meu Filho PIETTRUS, meu amigo incondicional, que me ensinou a gostar de bola, apesar de ele ser torcedor do São Paulo, que tem um espírito irrequieto, e uma ânsia de viver impressionante, ao Piettrus, que não gosta de "perder" nem um minuto quando esta com os amiguinhos brincando, o Piettrus, que com nove anos, um belo dia chegou para mim e disse: Pai você não vai ver a sua mãe que está doente, e o seu Pai lá em Quatiguá, você sabe né pai, você tem que aproveitar a companhia de seus pais enquanto eles estão vivos, porque depois não adianta você chorar no cemitério. Você está certo meu filho, na mesma semana tomei o avião e fui visitar os meus pais, e quando minha mãe faleceu, eu não chorei porque tinha cumprido o meu papel como filho e entendi que aquele era um momento natural do ciclo da vida, tinha cumprido a minha parte, como ela cumpriu a sua com honra e denodo, sacrificando-se até o ultimo suspiro pelo bem estar de sua prole.
Piettrus, que aos 7 anos estando em férias na cidade de Gramado, insinuei que voltaria para Curitiba, e ouvi dele que não sairia de machadinho nem que "a vaca tussa", que ele não queria moram em lugar nenhum, que não fosse machadinho, que era aqui que ele tinha nascido e queria morar. Uma bela lição, que me fez refletir, que ao invés que buscar um lugar melhor para viver, teria que trabalhar para transformar o lugar que vivemos em um lugar melhor.
Ao Piettrus, que aos seis anos nós sentamos e conversamos como ele queria que fosse a sua educação, seu pai expôs como foi a dele. No meu tempo filho, não tinha dialogo, pela própria dificuldade da época e pelos costumes, se o filho errasse, era "educado" no chicote, o que o pai reporta como um método que não trás resultado algum, pois se assim fosse burro falava e obedecia cegamente. Mas o pai como tem obrigação e dever sobre a sua educação vai propor duas alternativas e você escolhe a que achar melhor.
Primeira alternativa. O pai manda, se não obedecer, leva peia. A segunda alternativa: Quando surgir algum questionamento nós vamos conversar para chegar a um consenso, mas tem uma condição: Você Piettrus, não é obrigado a tratar nada com o teu Pai, mas é obrigado a cumprir o que tratou até o fim. Ele pensou por dois minutos e tomou a sua sábia decisão. Pai eu já me decidi. Nós vamos conversar.
Estamos seguindo a risca o tratado, o que nos torna grandes amigos, jogamos bola juntos, brincamos de banco imobiliário, jogamos videogames, lemos livros, conversamos e discutimos os assuntos da vida, como agora que ele quer saber os detalhes da profissão de engenheiro e advogado, pois sabe que logo vai ter que tomar uma decisão que é só dele.
Aos meus dois filhos GIOVANNA E PIETTRUS, vocês são a luz que ilumina a minha vida, a razão que tenho para lutar, sei que Deus tem um grande propósito para vocês. Continuem nesta caminhada, sendo as pessoas maravilhosas que são que o Pai vai estar até a sua última estação, aos vossos lados, e após o desembarque, se for permitido, vai continuar velando pelo caminhar.
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