quarta-feira, 12 de outubro de 2011

JOVENS NO CAMPO. ONDE ESTÃO?

Jovens entre rios.
Andando por este Machadinho imenso, considerado o maior projeto de reforma agrária do mundo, pode-se verificar que o mesmo foi um retumbante fracasso ideológico, econômico, político e social. Teoricamente, o projeto de assentamento Machadinho, financiado com recursos do banco Mundial, deveria ser um sucesso estrondoso, mas o que se viu 25 anos depois foi o contrário. Primeiramente, pouco mais de 10%,  - se é que chega a este índice- de moradores no campo, são os pioneiros que receberem as terras diretamente do INCRA. Segundo, os que vieram após a primeira "leva" de pioneiros, e investiram suas pequenas "fortunas", na compra do tão sonhado lote, logo se depararam com a triste realidade desta terra. Derrubou-se a mata, plantou o arroz, que ao colher, não tinha preço, plantou o café que enfrentou e enfrenta igual sina, além de conviver anualmente com as expectativas em relação as chuvas, cada vez mais escassa. Acreditaram no leite, mas esbarram na questão da degradação continua das pastagens, tanto em quantidade como em qualidade, além do preço aviltante pago pelo litro do produto, que há dez anos praticamente não sofre qualquer reajuste de monta. O resultado desta triste realidade pode ser verificado viajando pelos quatro cantos do município. Cada vez mais concentração dos imóveis, na tentativa desesperada de conseguir a sobrevivência com o produto da terra, comprando mais terra. Êxodo rural, e principalmente fuga dos jovens em idade produtiva, que não vendo esperança de dias melhores,  fogem da pobreza do campo para as promessas da cidade, inchando cada vez mais as periferias das pequenas, médias e grandes cidades, sem falar da capital. Hoje os jovens não possuem mais qualquer atrativo para continuar vivendo no campo, uma vez que a parca renda conseguida com o leite, não se mostra suficiente para prover o sustento dos familiares e propiciar a eles o mínimo conforto.
O que vemos em nossas andanças, é enormes investimentos públicos em estradas que custam caro  sua manutenção e abertura, energia elétrica que chega a casas que não tem ninguém para usufruir, e o pior; propriedades que ainda possuem moradores, porque os pais ou avós recebem aposentadoria rural, que permite o mínimo necessário para continuarem no campo.
Machadinho uma imensidão territorial comparável a muitos países europeus, com um clima inóspito, terra de baixa fertilidade, INCRA inoperante que não consegue entregar aos detentores dos imóveis o tão sonhado e necessário título de propriedade, conseguindo com isto aumentar ainda mais a concentração imobiliária e o êxodo rural.
Os desafios são hercúleos, para esta terra, com uma das menores taxas de habitantes por km2, de aproximadamente 1,7 habitantes para cada  1.000 hectares de terras. Poucos habitantes, pouquíssima geração de riqueza, muitos problemas sociais que recaem sobre as costas da prefeitura, que fica dependente de ajuda do governo federal e estadual para poder oferecer o mínimo para o máximo exigido. E ai o prefeito fica refém do bom humor dos  políticos que “garimpam” votos  me nosso município, a cada eleição estadual e federal, com a vã promessa de ajudar os incautos eleitores, através da prefeitura. Ajuda esta que quase nunca chega.
A luta  é enorme, e com a vinda das usinas, teremos melhoras na área urbana, mais piora significativa no campo, que certamente sofrerá um esvaziamento ainda mais contundente, com muitos adultos e jovens procurando empregos nos canteiros de obra do empreendimento, não mais voltando para o campo com o final da construção.

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