Justiça condena e manda prender 21 ex-deputados e assessores da ALE
Pessoas pobres do interior davam os números a cabos eleitorais acreditando que assim obteriam benefícios. Acabaram se tornando “laranjas
Porto Velho, Rondônia – O juiz Franklin Vieira dos Santos, da 3ª Vara Criminal de Porto Velho, condenou à penas que variam de 3 a 19 anos de prisão, além de pagamento de multa, 21 pessoas envolvidas no esquema de desvio de verba pública da Assembleia Legislativa de Rondônia, conhecido como Folha Paralela. Entre os acusados estão os ex-deputados estaduais Amarildo Almeida e Carlão de Oliveira, este último, na época, presidente da Casa. Na sentença, o magistrado expediu mandado de prisão contra todos os condenados. Outras seis pessoas denunciadas foram absolvidas.
Os outros condenados foram Moisés Oliveira (irmão de Carlão), Haroldo Augusto (filho do ex-deputado Haroldo Santos), e os ex-assessores José Carlos Cavalcanti de brito, Jurandir Almeida Filho, Eliezer Magno Arrabal, Joarez Nunes, Nunes Ferreira, Robson Amaral Jacob, Hosana Zavzyn de Almeida, Salustiano Pego Lourenço neves, Sandra Ferreira Lima, João Carlos Batista de Souza, Emerson Lima Santos, Edson Wander Arrabal, Marlon Sérgio Lustosa Jungles (cunhado de Carlão Oliveira), Antônio Spegiorin Tavares, Mário Katsuyoshi Kurata, e Adelino César de Moraes.
Os absolvidos foram Lizandréia Ribeiro de Oliveira Jungles (irmã de Carlão de Oliveira), Hingrid Jubilhana Siqueira Moro de Oliveira, Márcia Luíza Scheffer de Oliveira (esposa de Carlão), Marcos Alves Paes, Tadeu Hulli James Moro e José Ronaldo Palitot, na época diretor-financeiro da Casa.
O ESQUEMA
O esquema da folha paralela foi desbaratado em 2006, durante a Operação Dominó, realizada pela Polícia Federal. Segundo a polícia, alguns eram pressionados a sustentar a prática ou recebiam pequenos favores e privilégios em troca. Para os cheques serem compensados, era preciso um endosso no verso , que, conforme as investigações apontaram, apresentavam diferenças de grafia para uma mesma pessoa, mês a mês, ou semelhanças de padrão gráfico das assinaturas para várias pessoas diferentes.
A “folha paralela” incluía nomes de pessoas cujos números de documentos como RG e CPF, muitas vezes, tinham sido fornecidos de boa fé aos deputados, até mesmo em campanhas políticas. Pessoas pobres do interior davam os números a cabos eleitorais acreditando que assim obteriam benefícios. Acabaram se tornando “laranjas”. Os acusados, basicamente, segundo a denúncia, praticaram crimes como formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.
Em alguns casos, as pessoas nem mesmo existiam, a relação vinha apenas com o nome. Mesmo assim, o cheque era expedido. O dinheiro do salário desses “servidores” era sacado por assessores e parentes dos deputados. Alguns parlamentares depositaram diretamente os cheques em suas contas. Vários cheques foram destinadas a uma empresa “factoring” (o que, por si só, levanta desconfiança já que uma empresa desse tipo desconta cheques pré-datados imediatamente em troca de uma porcentagem do valor). Os deputados tinham dívidas com essa empresa.
Em outros casos, havia cumplicidade, segundo apontam as investigações. Eram fantasmas na folha oficial da Assembléia. Líderes políticos locais recebiam dinheiro, sem trabalhar, em troca de garantia de votos para o deputado. Jornalistas também constavam dessa folha. Empréstimos consignados em folha de pagamento de R$ 30 mil, até R$ 40 mil, também eram feitos, sendo o dinheiro repassado aos parlamentares e seus assessores e parentes.
O ex-deputado estadual Amarildo Almeida foi condenado a 11 anos de prisão.
O ex-deputado estadual Amarildo Almeida foi condenado a 11 anos de prisão.
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