segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Diogenes de Sínope ou Alexandre o Grande?

 


Alexandre Visitando Diogenes.
 
 Hoje me levantei as 04h30min da manhã e fui para o sítio trabalhar. Fazia dois anos que não montava um muar e  tocava bois. Fiz isto, subi no lombo de um burro meio arisco, que por pouco não me fez beijar a terra, mas cabra esperto não é pego de surpresa, me mantive firme em cima do lombo do animal.
Foram 20 km de marcha em cima do dito cujo e sob uma chuva torrencial, que  aliado à madrugada, meus 50 anos, e dois anos sem este tipo de trabalho, confesso que senti o peso nas juntas, que doíam, o areio que parecia feito de espinhos, o frio que fazia bater os dentes, mas um momento único para unir o útil ao agradável e fazer algumas reflexões interessantes enquanto os peões gritavam, corriam para cima e para baixo e eu em silêncio no final da boiada onde pouco era exigido.
Com a beleza da paisagem, tempo e bom ânimo, pude refletir sobre muitas coisas, entre elas  política e políticos, que me reportaram ao filosofo grego Diógenes de Sínope, que viveu por volta de 400 a 323 AC. Ele  desprezava as riquezas, andava pelas ruas de Atenas durante o dia com uma lanterna acesa na mão gritando a todos que estava procurando um homem honesto, que encontrando um só entre os atenienses que pudesse ser considerado honesto já estaria satisfeito.
 Nos dias de hoje especialmente neste Brasil maravilhoso, o Filósofo não teria tanto trabalho em encontrar homens honestos.
Diógenes desprezava as riquezas materiais, vivia em extrema pobreza, mas com liberdade total, dizia que Sócrates somente almoçava quando o Rei queria, Diógenes almoçava quando Diógenes queria, pois era totalmente livre.
Na mesma época viveu Alexandre da Macedônia, 356 a 323 AC, mais conhecido como Alexandre o Grande. General habilidoso que na tenra idade subiu ao trono como Rei em lugar de seu pai assassinado.
 Apesar de muito jovem, Alexandre demonstrou extrema habilidade com  as tropas e rapidamente tornou se  general, disposto a dominar o mundo, o que quase consegue, não fosse à vida interrompida aos 32 anos logo após a batalha que conquistou a Pérsia.
Mas o que tem haver o Filósofo Diógenes e o General Alexandre? Quade nada, foram duas vidas diametralmente opostas, que se cruzaram uma vez, cujo dialogo, alias quase um monólogo se bem interpretado pode nos dizer muito nestes dias de grandes atribulações, que exceto as comodidades materiais, pouco se alterou com o passar dos séculos.
Tendo Alexandre ouvido falar do Filósofo que despreza as riquezas, resolveu  visita lo em seu barril que servia de moradia. Ao se posicionar em frente ao filósofo o grande General perguntou se desejava  que ele lhe proporcionasse riquezas e nobreza, ao que  Diogenes lhe diz:  O General  me ajudaria muito se não ficasse em frente do sol, para não fazer sombra em Diógenes.
Alexandre não compreendendo tamanho desprendimento das coisas materiais, afastando se disse: Eu vou conquistar o mundo e depois descansarei. Ao que o filósofo lhe inquire: e o que o impede de descansar desde já? Diógenes descansa quando quer, Alexandre também pode. 
Alexandre partiu e conquistou quase toda a Ásia e o Oriente formando um dos maiores impérios que o mundo conheceu, mas não lhe sobrou tempo para descansar, pois após vencer os Persas, sucumbiu depois de sete dias enfermo provavelmente vítima da febre malária que grassava aquela região do Nilo.
Vendo que o fim se aproximava, Alexandre chama seus generais, para repartir o império conquistado e pedir que  seu ataúde tivesse duas aberturas laterais  para suas mãos ficarem expostas e visíveis e que todos pudessem confirmar que o Grande conquistador chegou ao mundo de mãos vazias e partia dele sem nada levar.
Eis a questão:  a sabedoria está em conseguir o meio termo entre Diógenes e Alexandre. Não viver dentro de um barril em extrema pobreza, mas também não dedicar toda a energia vital para conquistar o mundo sem aproveitar a estada como Alexandre da Macedônia. Eis que nós também chegamos de mãos vazias e partiremos sem nada levar independente do império que tenhamos conquistado ou do barril que nos serviu de abrigo.
Certamente conhecemos e talvez encarnemos ao longo da vida ora Diógenes ora Alexandre, e que  possa eu adquirir a sabedoria de  encontrar o equilíbrio, que provavelmente está no meio entre o Filósofo e o General e, ao partir poder dizer: Valeu a pena pelos amigos e pelo bem que fiz, pelo que amei e fui amado,  pelo que perdoei e fui perdoado e pelo filhos que eduquei.

O meu amigo que ensina muito com sua humildade e largo sorriso.


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